Dezesseis

Caros boêmios,

Esta noite, depois de algum tempo, pude sentar-me a mesa de um bar com os amigos, tomar algumas cervejas e gastar boa parte deste tempo falando daquilo que nada entendemos, futebol. E é do botequim que sai a inspiração para este texto. Assunto propositalmente motivado e pré-meditado, confesso. As conversas de boteco são imprevisíveis e desobedecem qualquer padrão de organização. Prova disso foi o trabalho que os boêmios me deram para ouvir suas opiniões. Ora assunto não interessava, ora era substituído e esquecido (inclusive por seu motivador). Mas consegui alguma coisa.

Não foi a primeira das minhas discussões sobre o que fazer para melhorar o futebol Brasileiro, nem será a última. Também não sou capaz de dizer que tenho que minha opinião é definitiva. “Qual a quantidade ideal de clubes nas séries A e B?” pergunto. Thiago e Rodrigo respondem 20 e 18, respectivamente. A minha proposta é de 16 clubes, caindo e subindo quatro a cada edição. E qual é a sua opinião?

Os últimos cinco anos mostram que a atual formula é um sucesso. Sem dúvida. Agora imagine esta competição, com quatro equipes a menos, formada basicamente pelas mais tradicionais equipes do país e disputado ao mesmo tempo em que os torneios da Europa. Aliás, o alinhamento ao calendário europeu, por si só, já é mais do que o suficiente para dar um gás ao mais equilibrado campeonato do planeta. Este assunto, porém, é pauta para outra discussão.

Esta sugestão prevê que poucos clubes se aglomerem na elite do futebol nacional. Menos (e mais valorizado) espaço para muita gente grande. Pontos conquistados ou perdidos vão ter maior peso, diminuindo a zona de conforto entre aqueles que disputam as vagas da Libertadores e o que lutam contra o rebaixamento. Os últimos trocando de posição com outras tradicionais que triunfaram na divisão de acesso.

Façamos a conta: quatro de São Paulo e do Rio de Janeiro. Dois de Minas, Paraná e Rio Grande do Sul. E três nordestinos. Totalizando 17. Com 16, o torneio transforma-se numa disputa tiro curto, 30 rodadas! Mais pressão nos jogadores, técnicos, diretorias e, principalmente, nos torcedores. Grandes fazendo de tudo para formar bons e competitivos elencos. Lutando por cada ponto, com um olho no taça e outro na zona de degola.

Com base nessas contas, pelo menos um grande cai todo ano. Mas acredito que a série B contaria com pelo menos três forças já consagradas. O que é muito bom para o esporte. Um bom e recente exemplo: Corinthians X Bahia, Pacaembu, 34 mil torcedores, 5 títulos em campo.A segundona ganharia mais destaque e atenção, como recebe em outras terras amantes do futebol. Sem deixar de mencionar a participação de clubes que sempre figuraram e que gozam de prestigio e admiração: Goiás, Portuguesa, Juventude, Figueirense, Ponte Preta, Guarani, América... Somados aos menores, mas não menos importantes. Emoção de terça a domingo.

Cheers!