terça-feira, 26 de março de 2013

Complexo de vira-lata

Caros boêmios.

Em primeiro lugar, é com grande prazer que retomo os trabalhos nesse espaço.

Neste primeiro post em 2013, tratarei de um tema que abordei no boteco com meus companheiros de blog: a forma como nosso futebol se acovarda diante de seus adversários internacionais.

E isso, na minha visão, se aplica à seleção e aos clubes. Porém, até para ter foco, tratarei apenas do complexo de inferioridade que assola os clubes. E usarei como exemplo a participação dos nossos clubes no Mundial de Clubes, especialmente a participação do São Paulo (ignoraremos a discussão de chancela Fifa e Intercontinental aqui).

O tricolor paulista foi ao Japão três vezes para a disputa do título de melhor do mundo. Nas três saiu vencedor.  Em 92 e 93, o campeão da Libertadores jogou contra dois esquadrões do velho continente, primeiro o Barcelona, depois contra o Milan. Já em 2005, enfrentou o inglês Liverpool, que chegou ao oriente como vencedor da mais espetacular final de UEFA Champions League contra o fortíssimo clube Rossonero.

O ponto que gostaria de abordar é a postura do clube paulista.

No bicampeonato sob o comando de Telê Santana, o São Paulo jogou o mesmo futebol que vinha apresentando, com a mesma agressividade e técnica que o fizeram o melhor time do clube de todos os tempos. Os dois embates foram jogos abertos, bonitos de se assistir. O São Paulo jogou o futebol brasileiro, o verdadeiro e técnico futebol brasileiro.
   
Já no tricampeonato, no jogo final, a postura do clube nada lembrava as partidas célebres da década anterior. O jogo contra o Liverpool foi um duelo em que 80% do tempo o time do Morumbi preocupava-se em não tomar gols. O resultado foi positivo, mas o duelo teve um time dominante e outro dominado. Isso não se discute.

Talvez em proporções menores, Internacional e Corinthians, também campeões no Japão, entraram em jogo com uma estratégia parecida.

Em comum, os três clubes pareciam que jamais poderiam vencer os adversários europeus. Mas o que fez desses clubes tão favoritos assim? Constantemente, a mídia brasileira se colocava de maneira pessimista quanto as chances dos brasileiros no mundial. E desde quando o nosso futebol não é favorito sempre? Somos ou não o país pentacampeão? O maior jogador de todos os tempos não é brasileiro? Não são os brasileiros os maiores vencedores (somados os prêmios) na eleição do melhor jogador do mundo no ano (seis vezes)?

Exceção à participação do Santos em 2011, jamais um clube brasileiro foi para o Mundial de Clubes sem ser o favorito na minha opinião. Apostei no São Paulo, no Inter e no Corinthians no Mundial organizado pela Fifa. Ainda que entendesse que o Peixe realmente perderia para o Barcelona de Messi, jamais imaginei que um campeão da América faria uma partida tão ridícula como na derrota por 4 x 0.

Esse pessimismo vendido pela mídia é comprado por torcedores e, pior, pelos próprios jogadores. Acho que os caras ficam como tietes ao entrar em campo ao lado do cara que ele cansou de ver na TV ou no vídeo-game. Se Neymar mais pensava em trocar de camisa com o 10 argentino em 2011, Muller colocava o dedo no rosto de um adversário e batia boca com os caras 18 anos antes.

Acho que a diferença está ai: se antes havia o respeito ao adversário, hoje os caras entram em campo para jogar contra um ídolo, alguém que ele não tem coragem de entrar com mais força em uma dividida por uma bola na lateral.  

A globalização do futebol trabalha contra o Brasil. Nossos grandes clubes não se equiparam em fama a clubes médios na Europa. E, infelizmente, a fama vem interferindo na postura dos nossos clubes em jogos contra seus adversários internacionais.

Cheers!


5 comentários:

Unknown disse...

Lóide, concordo com o senhor em relação ao Mundial, independente, se é da Fifa, ou não.
O São Paulo, citado no texto, fez partidas memoráveis em 1992-93, e 2005, apesar da minha paixão, foi um jogo completamente diferente. As partidas de década de 90 foram abertas, disputadas e jogadas com respeito, mas não medo ou tietagem. Já a de 2005, o Tricolor ficou acoado, na ocasião, o São Paulo ficou com medo, por respeitar até demais a equipe do Liverpool, com exceção ao Mineiro, Lugano e Rogério Ceni, na minha opinião. Já em 2010, o Santos respeitou demais, tietou e tomou, concordo, foi a partida mais ridícula do futebol brasileiro, deveria ser esquecida!
Ficaram com medo de entrar pra valer e machucar alguém porque no Playstation dos tempos modernos, os jogadores lesionados na vida real aparecem no banco de reservas no vídeo-game. Esse foi o motivo!

Unknown disse...

Só uma deixa. Foram oito título, Romário (1994), Ronaldo (1996-97 e 2002), Rivaldo (1999), Ronaldinho (2004-05) e Kaká (2007).
Visto que nunca o Brasil ganhou uma Copa com o melhor jogador do Mundo, e até fez feio (1998 e 2006).

Essa é a esperança!!!

Vamos, Brasil!!!

Ivan Alves disse...

Verdade... havia esquecido que o Gaucho tinha levado dois títulos.

Precisamos de um post sobre nossas previsões para a copa do mundo.

Eu aposto na Alemanha ou Argentina

Abs

Unknown disse...

Pode ser. Vamos esperar aproximar a Copa das Confederações.

Super Cabeca disse...

Tambem quero voltar a participar da brincadeira. Posso?