terça-feira, 29 de abril de 2008

SESSÃO: "NA MENTE DE UM BOÊMIO"

FIFA, ENTIDADE SOCIOECONÔMICA

Estava em um dia rotineiro, bebendo num bar, assistindo à televisão em uma emissora esportiva, como de costume. Recebi a notícia de que o ex-técnico da seleção sul-africana, Carlos Alberto Parreira, deixara o cargo. Fiquei estupefato! Por quê um treinador com tamanho prestígio deixaria uma oportunidade como esta passar? O Motivo, segundo o próprio seria ‘porque pretende voltar ao país para passar mais tempo com a sua família’. Muito estranho essa saída, repentina, e por motivos que eu considero banais. O que será que realmente aconteceu? Talvez o tempo nos mostrará, quando Parreira conceder uma entrevista especial. Sob essa perspectiva, liguei alguns fatos. Coisa louca, de bêbado. Chegando à conclusões inesperadas.
Lembro-me que após deixar o cargo de técnico da seleção brasileira, em 1994, Parreira disse que nunca mais comandaria nossa seleção. Até que em 2003, o professor Parreira deixa o comando técnico do Corinthians e retorna à seleção.
Parreira teve uma passagem vitoriosa pelo clube paulista, campeão da Copa do Brasil, em 2002 e do Paulista em 2003. Todos pensaram que dirigindo o ‘poderoso’ Brasil, de Ronaldo, Ronaldinho, Kaká, Adriano e companhia, nós seríamos pentacampeões. O que de fato não aconteceu e tivemos que ser humilhados, outra vez, por Zidane e cia.
Este que me fez lembrar de 1998, na final da Copa do Mundo, na França. País que passava por difíceis problemas econômicos e sociais, sediou uma Copa do Mundo, evento que reúne paises de todas as partes do mundo e arrecada milhões, até bilhões de reais. A escolha do país sede não podia ser inapropriada, pois o país estava passando uma das piores crises da história.
Nossa seleção não estava com um time ruim e tínhamos Ronaldo, eleito melhor jogador do mundo em 1997 e acabara de ganhar o apelido de “Fenômeno”, não à toa, merecido. O jogador estava fazendo uma boa Copa, mas nem perto do que poderia render. Muita pressão era colocada em cima do craque, mas com a naturalidade seus gols vinham aparecendo.
A França havia caído em um grupo fácil, África do Sul, Arábia e Dinamarca, sem problemas para passar à segunda fase. Nas fases eliminatórias enfrentou o Paraguai, time sem perspectivas e ficou no suado 1 x 0, gol na morte súbita. Empate com Itália em 0 x 0, classificação nos pênaltis, e os 2 x 1 na Croácia, na semi.
A partir daí começou a maior dúvida das Copas do Mundo. Antes da preleção, Ronaldo havia sido cortado da lista de Zagallo para o jogo final. Minutos antes do jogo estava entrando em campo com seus companheiros. O jogo foi um massacre da França, dois gols em falhas do sistema defensivo. Duas cabeçadas de Zidane. O Brasil estava apático, sem reações. O jogo acabou 3 x 0.
Será que se renderam ao futebol do mestre Zizou? Por quê Ronaldo entrou em campo depois de estar fora da lista? Estas dúvidas nunca foram esclarecidas. Há boatos em que a seleção havia vendido a Copa para a França, não para seleção, mas sim para a nação. Foi colocado em questão que Ronaldo não queria vender a Copa, que era sua oportunidade de se tornar um mito. A Nike poderia ter colocado seu contrato vitalício, milionário diga-se por passagem, em risco e que a participação do Brasil na próxima Copa do Mundo seria fácil, título garantido, isso claro, que boatos, mas ditos logo após o término da Copa da França.
O incrível foi ver Zidane, considerado o craque do mundial não ser eleito como tal, mas sim Ronaldo, talvez como prêmio de consolação. Apesar de o francês ter sido o melhor jogador de futebol daquele ano, segundo a FIFA (Federação Internacional de Futebol).
Para colocar mais pulgas atrás da orelha, o que pensar da frase dita pelo meia Leonardo após a final.

"Se as pessoas soubessem o que aconteceu na Copa do Mundo, ficariam enojadas” (Leonardo depois da final da Copa-98).


Naquela mesma época outro país passava por crise. Coréia do Sul, nação que integrava o chamado “Tigres Asiáticos”, mas que havia sido ‘infectada’ pela crise econômica da Tailândia. Foram emprestados do FMI (Fundo Monetário Internacional) US$ 58 bilhões, e adotadas mudanças no setor financeiro, mercado de trabalho e setor público, no qual um grande evento poderia ajudar.
Como já estava definido o Japão como sede, a Copa do Mundo foi sediada pela primeira vez na história por dois países. O presidente Joseph Blatter afirmou ser a primeira e última vez. Mas porque o fez então?
Ronaldo, mesmo machucado e fora de ação já estava na pré-lista dos convocados para o Mundial. Com um grupo teoricamente fraco, Turquia, Costa Rica e China, nossa seleção passou às oitavas-de-final, assim como os países sede. A França ficou para trás.
A partir daí começou o festival “cara-de-pau”. O Japão jogou mal, saiu no primeiro ‘mata-mata’, mas o alvo era a Coréia do Sul, que venceu a Itália com erros absurdos de arbitragem. Mas o mais bizarro foi a classificação diante da Espanha, erros primários, gol anulado, pênalti não marcado, e a cada jogo, a cada erro, mais sul-coreanos saiam às ruas para festejar. Mas a seleção asiática parou na Alemanha, futura sede e do então eleito melhor jogador da Copa-2002, o goleiro Oliver Kahn, que classificou sua seleção para a final com três resultados iguais, 1 x 0.
A estrela do time, Michael Ballack de fora da final, o Brasil venceu por 2 a 0 e parecendo previsto, levou seu quinto título, com Ronaldo mais uma vez sendo o melhor jogador do ano, segundo a FIFA. A Coréia do Sul ficou na quarta posição.
Bom, o resultado final do torneio pouco importou, já que a Coréia do Sul conseguiu quitar, antes do previsto, US$ 19,5 bilhões ao FMI e seu plano de globalização e expansão continuam até hoje. Os grupos sul-coreanos estão presentes nos principais mercados mundiais. Parece que sediar uma Copa do Mundo é um grande negócio.
Se consultarmos o passado, veremos que os países sede sempre chegam longe. Seria incentivo de seu torcedor ou da FIFA?
Inglaterra 1966, com a presença da Rainha Elizabeth, o árbitro da partida não teve dúvida em favorecer um gol dos ingleses ao não ter certeza se a bola entrou ou não. Resultado título para os donos da casa.

“Aquela foi a maior conquista na história do esporte na Inglaterra. E será por muitos anos, quem sabe, para sempre” (Bobby Charlton em entrevista ao jornal The Times em 1996).

No início da década de 70, a crise econômica agravou-se na Arrgentina, com a queda do PIB, aumento do desemprego, aumento inflacionário e redução do salário real dos trabalhadores. Seis anos mais tarde, a manutenção da crise econômica, o agravamento das tensões sociais e o desenvolvimento de movimentos guerrilheiros, foram responsáveis pelo golpe que depôs Isabelita do poder em 1976, substituída por uma junta militar, encabeçada pelo General Jorge Videla. Começava um período ditatorial.
Colocando um pouco da política de fora, se é possível.Naquela época não havia ‘mata-mata’ na segunda fase, e sim um grupo formado que jogariam entre si para classificar então à grande final. O Brasil estava indo bem, venceu os dois jogos e empatou com a Argentina. Os jogos finais de Brasil e Argentina foram mudados de horário. Nossa seleçãojogou mais cedo, venceu 3 x 1. A anfitriã precisava de seis gols para classificar-se à final. Enfrentou o Peru, do goleiro Quiroga, que era argentino de nascimento.Resultado, os portenhos venceram por 6 x 0, e até hoje há indícios que o goleiro ‘peruano’ havia feito acordo com a AFA (Associação de Futebol Argentina) para entregar o jogo. A Argentina enfrentou a Holanda na final e conquistou o título após a prorrogação.
A história das Copas mundiais mostra uma possível ligação da maior entidade de futebol com a política social. Mas o que a FIFA ganharia com isso? Prestígio de governantes, população; dinheiro talvez? O que pode se afirmar que uma entidade futebolística fatura e mexe com muito dinheiro. A CBF, por exemplo, doou cerca de R$ 100 mil reais a um político, tendo o jornalista Juca Kfouri confirmado e sendo processado pelo presidente da entidade Ricardo Teixeira, que está no poder a longos anos.
Alguns jornalistas tentaram averiguar diversas situações no futebol, mas sempre sem resultado. A Copa da França foi um exemplo. Onde tem muito dinheiro os ‘culpados’ nunca são encontrados.
O caso é ignorar os fatos, fazer alusão que tudo não passa de boatos e se integrar indiretamente ao sistema. Torcer com um único objetivo de ser feliz e não ligar para as derrotas, pois fazem parte da vida. Gastar seu dinheiro com produtos e fazer o ciclo monetário do futebol circular mais. Ou podemos fazer outra coisa. Gastar nossas pratas enchendo a cara no boteco e se o jogo for roubado xingar o juiz e realizar atos de vandalismo nas ruas. Bom, não seria surpresa ficar com a segunda hipótese.

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