quarta-feira, 24 de abril de 2013

NOVOS MODOS

Caros boêmios.

Ainda que estejamos a anos luz do padrão de organização de eventos esportivos de países de primeiro mundo, na esfera futebolística - pelo menos em São Paulo -, as coisas parecem caminhar a rumo à modernidade. Em dois, ou três anos, teremos três estádios de alto padrão na capital paulista, um para cada grande clube da cidade: Arena Palestra, Itaquerão e o Morumbi reformado. 

Nos estádios alvi-verde e alvi-negro, o torcedor, ao que parece, ficará muito próximo às linhas laterais do campo, distância que não deve passar dos 10 metros. Na concepção dessas arenas, os projetistas vislumbram que o torcedor assista aos jogos muito próximo ao campo de jogo, sem qualquer barreira visual, como um alambrado. A ideia é repetir o que vemos hoje na liga inglesa. Além disso, os clubes e organizadores dos eventos trabalham no sentido de forçar o torcedor a ver o jogo no lugar demarcado. E o aumento no ticket médio dos ingressos tende a elitizar o público pagante. 

Citei, aqui, apenas algumas das medidas que estão sendo anunciadas ou que aos poucos vem sendo colocadas em prática. Você que vai ao estádio já deve ter se deparado com alguma novidade na rotina do torcedor. O ponto em questão nesse post é: como será o perfil das torcidas dos nossos times em cinco ou dez anos? 

E mais: estamos prontos para ver as partidas nos padrões de comportamento que testemunhamos nos torneios europeus?

Um novo modelo, mais aderente aos padrões do velho continente, configura uma mudança cultural no nosso torcedor.

Terá graça um jogo do seu time sem os cantos, sinalizadores, bandeiras ou bateria de uma organizada? Ainda que pela TV, esses são elementos hoje fundamentais no espetáculo futebol. Imagine-se no estádio do seu clube (ou onde ele manda seus jogos) comendo um comida decente, com banheiros limpos e com seu lugar reservado, sem um pessoa de pé bloqueando sua visão do jogo. Pois bem, parece-me ótimo. Mas também temos que assumir que a adrenalina de pular na arquibancada, participar dos cantos e ver a festa das organizadas ficam fora dessa equação. Sugiro que você imagine um estádio inteiro, lotado, composto apenas por torcedores com o perfil que vemos hoje nas numeradas (ou áreas nobres). Tão torcedor como qualquer outro, o fã que compra o bilhete desse tipo de setor prima pelo conforto e na experiência de assistir ao jogo, antes de pensar em "participar" do jogo. Entenda: não estou dizendo que ele é menos torcedor que aquele que fica em outros setores do estádio. Ao contrário do torcedor de arquibancada, ele é o cara que está mais preocupado em ver cada lance do jogo a fazer parte dos cantos do restante do estádio.

Hoje, quem dita o ritmo nos estádios são as torcidas organizadas. Ao meu ver, a tendência é que esse tipo de torcedor torne-se, cada vez mais, a minoria. As condições proporcionadas aos torcedores nas novas arenas e pelas propostas de organização fara o público se comportar de maneira diferente. Será uma reeducação do torcedor.


Cheers!

3 comentários:

Unknown disse...

Bom Master, um ponto muito importante a ser observado, mas no Brasil as coisas não fluem com nos outros lugares. Não por mim, por você ou pela minoria, mas desde quando estamos tentando educar as pessoas a fazer algo tão simples como jogar um lixo no seu devido lugar? E até hoje vemos, na maior parte do tempo, os cretinos jogando lixo no chão.
Em dias de finais e jogos mais ríspidos, por exemplo, essa proximidade pode ser um perigo para os profissionais em campo.
Enquanto, por outro lado, não vejo muita mudança na atitude do torcedor. Aquele que quer participar do jogo vai achar o seu espaço nas novas arenas, como têm feito os gremistas e até mesmo os torcedores do Borussia Dortmund, que assistem às partidas em uma das melhores arenas do mundo, mas com o seu espaço físico demarcado, que é atrás dos gols, como toda organizada.
A cultura e a maneira de torcer são coisas muito difíceis de serem mudadas. Por um lado é bom, mas pelo lado da violência e falta de educação, não.

grand tête disse...

No novo mineirao era nitido a imapciencia de muitos torcedores em permanecerem sentados durante o jogo Brasil x Chile. Eh cultural a baderna (no bom sentido) brasileira... e com certeza os novos estadios terao setores apoderados pelas organizadas, e assim espero que tenham. No entanto, o que precisa mudar nao eh so a educacao dos torcedores, mas tambem a conscientizacao. Foi dito no comentario acima: "desde quando estamos tentando educar as pessoas a fazer algo tão simples como jogar um lixo no seu devido lugar?" Nao acontece so nos estadios... esse eh o nosso dia-a-dia.

Ivan Alves disse...

Eu também torço para que a "baderna brasileira" permaneça nos estádios brasileiros.

Só tenho minhas dúvidas se esse tipo de comportamento será de uma pequena fração dos torcedores no estádio, de maneira até a passar despercebida.

Concordo também com o Thiago sobre a educação do brasileiro. Mas entendo que uma elitização dos estádios possa fazer dessas arenas grandes numeradas,como disse no texto.

Abs