Boa tarde, caros!
O que lhe vem à cabeça ao ler a notícia que o presidente da Conmebol (Confederação Sul-americana de Futebol), Nicolas Leoz, renunciará ao cargo na próxima terça-feira, 30/04? O paraguaio também abdicará do Comitê Executivo da FIFA.
Bom, eu voltei alguns anos e me deparei com o caso do ex-presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) Ricardo Teixeira que abandonou o mandato da entidade e também suas funções na FIFA e no COL (Comitê Organizacional Local para a Copa-2014), alegando motivos pessoais e de saúde, a mesma desculpa do mandatário da confederação sul-americana.
O engraçado é que antes disso os dois foram acusados de corrupção e sonegação de impostos, entre outras.
Leoz é acusado por um jornalista da TV britânica BBC de embolsar cerca de R$ 1,5 milhão irregular na venda de transmissões de direitos de imagem para a Copa do Mundo. Além de estar envolvido no chamado Dossiê ISL (empresa que prestava marketing esportivo para a FIFA e que faliu em 2001 com um rombo de mais ou menos R$ 600 milhões).
O paraguaio está ligado a Teixeira, que é acusado de pagar cerca de R$ 12 milhões para as federações que "apoiaram" o Brasil para sede de 2014, como a Conmebol por exemplo - sem contar o caso de compra de votos para a candidatura do Cata-2022. Com essa acusação da compra de votos, ficou evidenciado que Leoz estaria envolvido no caso ISL; não só ele, o nome de Issa Hayatou, presidente da CAF (Confederação Africana de Futebol) também foi citado na corte federal suíça.
Por falar em Suíça, a justiça do país divulgou, em julho do ano passado, um documento que evidencia que Ricardo Teixeira e seu ex-genro, João Havelange, receberam R$ 45 milhões em suborno da ISL.
É preciso lembrar que essa empresa de marketing esportivo foi criada por Horst Dassler, filho de Adi Dassler, fundador da Adidas (uma das maiores companhias de material esportivo do mundo e patrocinador oficial da FIFA).
Horst foi o responsável pela ascensão de Havelange à presidência da FIFA em 1974, entidade que presidiu até 1998, e foi onde descobriu a mina de ouro: a venda de direitos de transmissão de eventos esportivos.
Sob a tutela de Havelange, Teixeira assumiu à presidência da CBF, em 1989, e por onde ficou por quase 24 anos, até renunciar devido à forte pressão das acusações exercidas sobre o mesmo.
A gestão do ex-presidente na entidade foi marcada pelas conquistas das Copas de 1994 e 2002, da sede da Copa do mundo FIFA no Brasil-2014, entre outras. Mas o que mais marcou foram suas parcerias milionárias (a federação lucrou em 2008 R$ 32 milhões, em 2009 R$ 72,4 mi e em 2010 R$ 83 mi, e a Nike foi a maior parceira), viradas de mesa nos campeonatos nacionais, escândalos de arbitragem e CPIs no Congresso (Teixeira é acusado de apropriação indébita dos recursos da CBF, sonegação de imposto e lavagem de dinheiro).
Seu último trunfo foi o "presente" dado ao amigo Andres Sanchez, presidente do Corinthians na época (2010). No ano seguinte, Teixeira anunciou o Itaquerão como palco da abertura da Copa-2014 e que será entregue ao alvinegro após o mundial. O estádio está sendo construído com investimento suspeito (são R$ 420 milhões em títulos da prefeitura mais R$ 400 mi de empréstimos do BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] para o clube e a Odebrecht, construtora responsável pela obra).
Em entrevista para a ESPN, Alexandre Kalil, presidente do Atlético-MG, disse que Andres Sanchez o confidenciou o presente. "O Andres tinha um estádio prometido para detonar a mesa [Clube dos 13, rival da CBF nos direitos de transmissão de jogos dos campeonatos no Brasil]. Ele ia ganhar um estádio. Estou falando aqui porque ele falou comigo e não pediu segredo nenhum."
Sanchez esteve ligado a Teixeira enquanto o mesmo presidia a CBF; o ex-mandatário corintiano foi diretor de seleções na entidade. Saiu logo após o amigo renunciar o cargo de presidente, com a desculpa que não era consultado pelas ações de José Maria Marin, sucessor de Teixeira, no caso em que Mano Menezes deixou o cargo de técnico da seleção brasileira para Luiz Felipe Scolari, o Felipão.
Quanto mais cavamos, mais descobrimos podridão no nosso futebol. Há boatos em torno da conquista inédita da Libertadores pelo Corinthians, que envolveria Nike, Globo, CBF, Conmebol e o time paulista. Mas, como eu disse, são apenas boatos, até que provem o contrário.
Bom, a gente só agradece a renúncia de Nicolas Leoz e dos outros citados acima. Essa gangue já vai tarde! Agora é torcer para que os sucessores sejam dignos para o esporte!
Só pra finalizar.
O presidente do Bayern de Munique, Uli Hoeness, é acusado de sonegar impostos e está com sua conta na Suíça sob investigação. O que o alemão fez para desviar a atenção da mídia nacional? Anunciou a contratação do meio-campista Mario Götze, chamado de Messi alemão, que está atuando pelo rival Borussia Dortmund, um dos semifinalistas da UEFA Champions League. A polêmica compra da jovem promessa de 20 anos pelos bávaros tomou as páginas dos jornais alemães.
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2 comentários:
Parabens pelo texto! Corrupcao nao eh uma invencao brasileira... A ganancia corre solta pelo mundo! O triste eh que essa escoria sai ilesa.
Valeu, Malborão!
E se liga agora quem renunciou! Sim, ele! João Havelange! O coloquei em mais um post!
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