terça-feira, 28 de abril de 2009

Novos e velhos hábitos

Martírio: torcedor brasileiro sofre na hora de comprar ingressos (foto: Uol)

Caros boêmios,

As últimas temporadas do futebol tupiniquim já apresenta novidades para os torcedores no que diz respeito a compra de ingressos. Parte dos clubes já contam com um número considerável de sócios-torcedores, formato que surgiu há alguns anos, mas que parece engrenar só agora.

É simples, os torcedores pagam um determinado valor por ano e em troca, recebem preferência na compra de ingressos.

O torcedor do Estado de São Paulo está pouco acostumado com o sistema se comparado aos do Sul do Brasil, ainda os clubes já busquem os sócios-torcedores há tempos. A partida entre Atlético x Corinthians, válida pelas oitavas-de-final da Copa do Brasil, teve cerca de 95% dos ingressos comercializados dessa forma.

Hoje, ao divulgar em seu site os pontos de vendas para a final contra o Santos, pelo Paulista, o Corinthians informa que 17 dos 34 mil (talvez 37 ou 40 mil) foram vendidos pelo "novo" sistema, todos comercializados pela internet.

Uma revolução. Evita filas, confusão, cambistas e ainda garante mais renda para o clube.

Pegando o exemplo do Timão, que manda seus jogos no Pacaembu, notamos porém, um passo para trás. Em São Paulo existe uma lei burra que privilegia os torcedores organizados.

Segundo a legislação, os torcedores organizados devem se cadastrar na polícia para facilitar a identificação em caso de confrontos. No estádio, esses torcedores recebem uma parte privilegiada e numerosa nos estádios e lá ficam isolados dos demais. Porém, a adesão (por motivos bastante óbvios) é muito pequena e por esse motivo, esses setores ficam vazios vazios. Quando o determinado número de tiquetes é vendido, os bilhetes desse setor passam a ser comercializado ao torcedor "comum", anulando a lei e sua proposta.

No Morumbi, eles ficam no setor laranja. Arquibancadas amarelas no Palestra e no Canindé.

Já No Paulo Machado, palco da final no domingo, os espectadores ficam distribuidos em numeradas, tobogã, setor lilás, visitante, arquibancada principal e arquibancada especial. Metade das arquibancadas de portão principal (dividida em assentos verdes e amarelos - onde ficam o pessoal de "bom comportamento"), de ingressos mais baratos, fica destinada somente às torcidas organizadas graças à lei.

Para o jogo decisivo do Paulista, os ingressos de arquibancada amarela serão vendidos nas quadras das torcidas organizadas.

Imoral, mas não ilegal.

Ou seja, fazer parte de uma torcida organizada significa ter regalias na hora de adquirir um ingressso. Beneficio parecido com o do sócio-torcedor, que paga anuidade para ter as vantagens. Os organizados não.

Quem se cadastrar como sócio-torcedor não pode adquirir ingressos para o setor amarelo no Pacaembu, por exemplo.

O privilégio não é apenas dos corinthianos. Palmeirenses e são-paulinos gozam do mesmo benefício.

Enquanto o torcedor comum, que se recusa a humilhação de ir à uma delegacia para se cadastrar, sofre na hora de comprar ingressos.

Assim segue a vida no futebol brasileiro. Um passa para frente outro para trás. Matemática simples de resultado óbvio: estamos exatamente no mesmo lugar de sempre.

SAIDERA: há programas de sócio-torcedor para membros de torcida organizada. Se os organizados aderirem, parte do problema será amenizado.

Cheers!

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